SCALPED: "humanizar o massacre não é a solução".

10/24/20182 min read

SCALPED: "humanizar o massacre não é a solução".

RESENHA: Synchronicity of Autophagic Hedonism - Scalped. NOTA: 8,0.

Ativa desde 2012 honrando o Metal Extremo da capital mineira, o SCALPED é um quinteto de Death Metal técnico bem na linha de outros clássicos de Belo Horizonte, como MUTILATOR e SEXTRASH. Após um Ep, o conjunto soltou nesse ano seu primeiro trabalho completo. Com nomes difíceis de pronunciar e escrever, "Synchronicity of Autophagic Hedonism" é uma coleção de músicas bem diversas entre si; há passagens splatter, thrash metal, black metal, alguns temas sem solo de guitarra, porém todas extremamente Death Metal com letras intrigantes, conduçõess muito bem sacadas de bateria e um final, no mínimo, instigante.

"Fulminant Idiosyncrazy", inclusive, já abre a bolachinha com introdução da bateria num estilo que lembro um cado o DEATH de meados da década de 1990, com refrão repetindo poucas vezes. "Final Round" dá continuidade ao álbum com passagens mais cadenciadas no canto e mais splatter no refrão. Em "Natural Disgrace" não há refrão, mas sim uma disputa de solos entre os guitarristas. O brutal death retorna com tudo em "Overpopulation", com eminencia para o interlúdio matador após o solo. "Destruction and Chaos" é o tema mais thrash da presente trabalho.

Harpejos, paradinhas mortais e Death-thrash definem a regravação de "Pschycopath". "Chemical Empire" tem andamento jazzístico e os solos mais lentos e cheios de feeling; que contrastam com a seguinte "Sadisc Evolution", que é jazzistica também, mas as guitarras nem solam. "Fuck Your Opinion" fala das tretas virtuais no facebook, tema que também já foi abordado anteriormente pelo NERVOSA, e tem o refrão mais marcante da obra. Os leitores mais atentos notarão que os nomes das canções citam temas controversos bem atuais, deixando mensagens para os headbangers pensarem, o que é muito positivo. Faixa-título da banda, "Scalped"apresenta os riffs mais desgraçados do cdzinho. "Blood, Pain and Feeling" é aquela canção experimental que você fica em dúvida se deveria estar no disco. É um tema cíclico, de duração exorbitante: mais de dez minutos para abrigar intro de chuvas, dedilhados, piano, violino, orquestra (quem teria gravado esses instrumentos?), que em nada lembra as demais dez canções do disco. Além disso, o tema de encerramento ainda possui solos de guitarra mais melódicos que poderiam ter sido aproveitados em algumas canções do cd. Seria menção a algum álbum de Death Metal com final estranho ou estaria o SCALPED inovando na cena?

Ao fim dos seus 44 minutos duração, ainda que muitos vão ouvir somente até os 35, o SCALPED apresenta um trabalho, coeso, preciso, com boa produção e encarte profissional de 16 páginas e arte incrível. Pessoalmente, curti mais a capa traseira que a capa mesmo do disco, por essa me lembrar o clássico "Grito Mortal" do RETROSATAN. Inclusive, "profissional" é uma ótima palavra para sintetizar o SCALPED, com seu Death Metal comprometido com a realidade atual e com grandes chances de se tornar realidade o crescimento do grupo.

SCALPED:

Fernando Campos - Voz

Thiago Macedo - Guitarras

Bruno Mota - Baixo

Marcelo Freitas (ex- COFFINFEEDER) - Bateria.